Cidade de La Paz
Cidade de La Paz

Primeira viagem de mochila

La paz foi minha primeira viagem no estilo mochileiro.

Para quem me conhece sabe que sempre gostei de viajar, mas até o ano de 2003 era um turista típico, usando agência de viagem, ônibus turístico etc.

Em 2004 comecei a buscar alternativas e minha primeira viagem fora do esquema 100% controlada foi para jericoacoara ( veja aqui).

Após esta viagem fiquei procurando o que fazer e descobri a mochila.

E o que há de melhor na América do Sul e ir para Machu Picchu.

Como gosto muito de planejar e tenho minhas manias, criei um roteiro para ir para Machu Picchu.

Na época o máximo dos brasileiros de mochila era usar o trem da morte.

Depois de algum tempo que deveria ser gasto, mais alguma de minhas manias, como não passar duas vezes no mesmo lugar, criei o roteiro.

Roteiro.

Ir de avião até Lá Paz e por terra ir para Cusco, Machu Picchu, Arequipa, descer para o Chile ir para São Pedro de Atacama, subir para a Bolívia pelo salar de Yuni e voltar a Lapaz.

Lancei o convite aos amigos. Muitos quiseram ir, nesta aventura, mas no final somente o Raul que trabalhava comigo, no escritório e outro amigo Ranji, que trabalhava no escritório de Nova York resolveram ir.

Nenhum de nós tinha a experiência dos lugares que iríamos passar e para mim era um mundo totalmente desconhecido.

Não existia a internet, como hoje, tudo era muito mais difícil.

A comunicação era por telefone (muito caro) e o mais tecnológico era os emails.

Bom, com todas as informações possíveis lá fomos nós.

Eu e o Raul saímos do Brasil e o Randi de Nova York, para nos encontrarmos em La Paz.

Eu fui em uma mistura de medo, ansiedade, desafio e sei mais o que.

Quando o avião começou a entrar na Bolívia era como se estivesse em outro mundo, eu não havia visto nada parecido em minhas viagens.

A primeira visão da cordilheira foi inesquecível e assustadora, pois eu tinha uma vaga ideia do problema de altitude, mas jamais havia vivido a experiência.

Chegamos no aeroporto de El Alto que esta a 4.100 metros de altitude.
A primeira impressão foi que o avião parou no ar, pois começou a descer e pousou imediatamente.

O choque veio assim que abri a porta do avião, passou uns 10 minutos e comecei a tremer e tremer muito.

Tive que parar no meio do corredor, pois não conseguia parar de pé.

Fiquei uns 20 minutos nesta situação e logo depois pude caminhar, foram momentos estranhos.

Com o passar do tempo me adaptei um pouco.

La Paz

O Raul estava melhor e conseguimos pegar um táxi para a cidade.

Logo me senti melhor, pois La Paz fica a 3.600 metros.

Fomos para o hostel que reservamos e lá tomamos nosso primeiro chá de coca.

Para mim sempre foi muito ruim e não tem efeito, o que depois soube é que como é quente e se bebe muita água ajuda na aclimatação.

No hostel encontramos o Ranji, pessoalmente pela primeira vez.

Só havíamos nos comunicado por telefone, email, etc. na época não tinha chamada de vídeo.

Ele não estava nada bem, para ele era pior a altitude, pois NY é ao nível do mar.

Subir os degraus das escadas era simplesmente um martírio.

Mas fomos aconselhados a não ficar parado, é sempre melhor se movimentar para se aclimatar.

Então fomos tentar comer alguma coisa e conhecer a cidade.
Fomos a um bar e era bem exótico, com bebidas que tinha vários bichos dentro curtindo. ECA.

O Ranji gostou do vidrinho de cobra, com uma bebida que não sei qual era e nem quis descobrir.
Era o máximo que podíamos neste dia, fomos descansar.
No outro dia, fomos conhecer a cidade e dar uma volta.  Como estávamos ainda fracos, andamos só no centro e em La Paz, ou se sobe ou desce, não tem meio-termo.

Altitude

Mais um dia para nos aclimatar, porém, o Raul não estava bem e o Ranji melhorou.

Eu estava como novo, embora nas subidas ia mais devagar, mas todo o mal-estar havia desaparecido.

Na época não sabia, mas hoje sei que sou um dos felizardos que se adapta muito bem a altitude. Sinto só um pouco de fraqueza nos primeiros dias e mais nada.

Tiwanaku

Mais um dia para nos aclimatar e fomos para Tiwanaku.

Primeiro paramos no miradouro, perto de El Alto a 4000 metros para ver La Paz.
Uma visão muito árida. Eu sempre acostumado com muito verde, praia, floresta fiquei impressionado com a dureza do lugar.
Tudo é muito frio, seco, sem vegetação, muita pedra.

Para quem não sabe Tiwanaku

Tiwanaku é um sítio arqueológico pré-colombiano, perto do lago Titicaca, no altiplano, a uma altitude de 3.850 m, na Província de Ingavi, Departamento de La Paz é um dos maiores sítios da América do Sul. 
Sua idade tem muitas dúvidas, uns dizendo que têm 17.000 anos e outros 3 .000.
É o centro espiritual e político da Cultura Tiwanaku que floresceu em uma cidade planejada entre 400 DC e 900 DC. 
Os vestígios de superfície cobrem atualmente cerca de 4 quilômetros quadrados e incluem cerâmicas decoradas, estruturas monumentais e blocos megalíticos.
O fim desta civilização forte e pacífica levou ao surgimento de vários reinos Aymara chamados Colla, que foram conquistados pelos Incas. Os Incas absorveram grande parte da cultura Tiahuanaco e se declararam herdeiros dessa civilização para legitimar seu poder.

Chacaltaya

Em nosso último dia de aclimatação foi para algo mais desafiador Chacaltaya a 5430 metros de altitude.

Como o Raul ainda não estava bem, ficou descansando e fomos eu e o Ranji.

O Chacaltaya tem 5421 m de altitude, fica a  40 km da cidade de La Paz.

De lá se tem uma vista linda do Pico nevado Huayna Potosí (6088 m). 

Embora a altitude seja muito elevada, é bem tranquilo, pois se vai de carro até a estação de esqui a 5000 metros.

Hoje está fechada, pois devido ao aquecimento global, não tem mais gelo.

Depois é seguir ao cume, uns 500 metros acima.
Uma boa parte da turma, não conseguiu e preferiu ficar na estação de esqui apreciando a vista.
Eu não via a hora de chegar no cume.  Até este momento a maior altitude que havia chegado no mundo.

Depois de um tempo o Renji chegou.
Voltamos a La Paz, e fomos descansar.
Descansamos mais um dia para nos aclimatar e seguimos a viagem.

La Paz a Copacabana.

Estavam acontecendo muitos protestos, na Bolívia.

Os camponeses contra o governo e muitas das estradas principais estavam bloqueadas.

Então fomos por umas estradas, secundárias.

Nunca havia passado tanto medo, pois além de podermos estar no meio de protestos, quando deixamos a estrada principal que já não era muita coisa, passamos por cada situação de grande perigo de caiar barrancos.

Mas felizmente não aconteceu nada de mais e chegamos no final da tarde em Copacabana.

Copacabana está localizada no Lago Titicaca, conhecida por suas festas religiosas e casas de telhados vermelhos. 

É ponto de partida para tour para explorar Isla del Sol e Isla de la Luna, ilhas com sítios arqueológicos sagrados incas. 

Na praça central, Plaza 2 de Febrero, está a Catedral de la Virgem de la Candelaria, com escultura da Virgem de la Candelaria.

O dia estava azul e fomos para as ilhas.

Isla del sol 

Na ilha existem vários templos e locais sagrados, a grande maioria em ruínas.

É possível encontrar mesas de sacrifícios em honra a Pacha Mama.
A ilha é cheia de mitos envolventes, e vale a pena conversar com um morador local para ouvir algumas histórias.

Existem 3 povoados: Yumani (região sul), Challapampa (costa norte) e Ch’alla. Em todos os povoados existem hospedagens simples e familiares. 

Isla de la Luna

Localizada a 8km da Isla del Sol, a pequena ilha era dedicada ao culto do feminino.

Diz a lenda, que viviam na ilha as mulheres mais belas da região, as “Virgens do Sol”.

Elas seriam sacrificadas na Isla del Sol. No Império Inca o único homem que podia pisar naquelas terras era o imperador.

A maior atração da ilha são as ruínas do Palácio de las Vírgenes del Sol, na costa norte.

Se quiser pernoitar nas ilhas tem que se preparar.

Pois faz muito frio e confirmar se tem lugar antes, pois as acomodações são escassas e muito simples.

Voltamos para dormir em Copacabana.

Isla del Sol

Hora de atravessar a fronteira e ir para o Peru (Puno) e o lago Titicaca.

Puno - Peru