Liége - Bélgica
Liège: uma parada surpreendente entre Luxemburgo e Eindhoven
Eu não planejava visitar Liège. Para ser honesto, a cidade nem estava no meu radar quando comecei a montar o roteiro entre Luxemburgo e Eindhoven, na Holanda. Afinal, Liège não costuma figurar entre os destinos turísticos mais badalados da Bélgica. A maioria das pessoas acaba priorizando lugares como Bruxelas, Bruges ou Gent. No entanto, talvez justamente por isso, a cidade me surpreendeu — e como!
Enquanto organizava minha travessia entre países, percebi que Liège estava estrategicamente posicionada no caminho. Então, pensei: por que não fazer uma pausa por lá? Foi assim, quase por acaso, que conheci uma cidade cheia de personalidade, história e charme — e hoje posso dizer com segurança: foi uma das melhores decisões dessa viagem.
Um começo impactante: a Estação de Liège-Guillemins
Logo ao chegar, Liège me deu um choque visual — no melhor dos sentidos. A primeira impressão foi daquelas que a gente não esquece. A estação de trem Liège-Guillemins é simplesmente de cair o queixo. Assinada por ninguém menos que Santiago Calatrava, ela parece mais uma nave futurista pousada no meio da cidade do que uma estação ferroviária tradicional.
Além disso, toda feita em aço e vidro, ela destoa completamente da imagem clássica que temos das estações europeias. Caminhar por ali, observar os arcos, as curvas e os detalhes arquitetônicos é uma experiência em si. Por isso, antes mesmo de começar a explorar a cidade, já me vi tirando fotos de todos os ângulos.
Do moderno ao antigo: explorando o centro histórico
Depois desse impacto inicial, decidi seguir para o centro histórico — e que grata surpresa. Uma das vantagens de Liège é que essa região é super compacta, o que torna o passeio a pé não só viável, mas extremamente agradável.
O ponto de partida ideal é a Place Saint-Lambert, uma enorme praça que já foi palco de acontecimentos históricos importantes. Aliás, foi exatamente ali que existia, até a Revolução Francesa, uma imensa catedral. Hoje, no mesmo local, fica o Arqueofórum, um museu subterrâneo fascinante que revela as fundações da antiga igreja e várias camadas da história da cidade, desde o período romano até a Idade Média.
Mas o que realmente chama atenção nessa praça é o contraste: ao redor, prédios administrativos modernos dividem espaço com vestígios históricos. Essa mistura de antigo e contemporâneo é uma das marcas registradas de Liège — e um dos motivos pelos quais ela me cativou tanto.
Um toque de poder e imponência: o Palácio dos Príncipes-Bispos
Logo ao lado, encontrei o imponente Palais des Princes-Évêques, ou Palácio dos Príncipes-Bispos. Trata-se de um dos símbolos do passado eclesiástico e poderoso da cidade. Sua fachada renascentista impressiona, assim como o pátio interno cheio de colunas simétricas. Ainda que hoje o prédio funcione como tribunal de justiça, vale muito a pena dar a volta completa ao redor e admirar os arcos, estátuas e detalhes que resistem ao tempo.
Vielas, impasses e pequenos encantos
Continuando o passeio, me deixei perder pelas ruas do centro. Uma das que mais me marcou foi a Rue Hors-Château. Essa rua histórica abriga algumas das vielas mais encantadoras que já vi — conhecidas localmente como impasses. Essas passagens estreitas, muitas vezes escondidas entre as casas, são verdadeiras cápsulas do tempo.
Algumas terminam em jardins secretos, outras levam a casinhas tão fotogênicas que parece até que foram montadas para um set de filme. A mais charmosa, sem dúvida, é a Impasse de l’Ange. Grafites delicados, janelas floridas e um silêncio quase mágico transformam o lugar num refúgio poético dentro da cidade.
Um pausa na Place du Marché
Depois de tanto caminhar, decidi fazer uma pausa na Place du Marché, uma das praças mais charmosas de Liège. Cercada por prédios históricos e cafés com mesinhas ao ar livre, ela tem aquele clima que convida a sentar e observar a vida passar. No centro da praça, está a Fonte de Perron, um dos grandes símbolos da cidade. Representando liberdade e independência, ela me fez refletir sobre a identidade forte que Liège carrega — mesmo longe dos holofotes turísticos.
Um toque de espiritualidade: a Catedral de São Paulo
Antes de me despedir da cidade, fiz questão de visitar a Cathédrale Saint-Paul, ou Catedral de São Paulo. Essa igreja gótica é linda por fora, mas foi o interior que realmente me impressionou. Os vitrais coloridos iluminavam o espaço com uma luz suave e vibrante. As obras sacras espalhadas pelos corredores adicionavam ainda mais profundidade ao ambiente.
Atrás da igreja, encontrei um pequeno claustro. Silencioso, cheio de verde e com bancos de pedra, foi o lugar ideal para uma última pausa — aquela que a gente faz quando não quer ir embora tão rápido.
Waffle de Liège ou de Bruxelas? Eis a questão
Agora, é impossível falar de Liège sem tocar num tema polêmico (e delicioso): os waffles!
Claro que experimentei o famoso waffle de Liège. Quentinho, com uma casquinha caramelizada por fora e massa densa por dentro… foi amor à primeira mordida. Esses waffles são mais doces, mais pesados e com aquele charme rústico de não serem perfeitamente simétricos. Perfeitos para quem, como eu, adora sabores intensos.
Mas e o waffle de Bruxelas? Também provei em outra viagem — ele é mais leve, aerado e costuma vir coberto com frutas, chantilly ou sorvete. Uma delícia, sem dúvida. Mas se eu tivesse que escolher um para comer enquanto caminho pelas ruas de uma cidade charmosa e pouco movimentada, fico com o de Liège. Especialmente se sair direto da chapa.
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Liège no fim do dia: uma despedida cheia de gratidão
Com o sol se pondo e os pés já cansados, era hora de seguir viagem. Mas Liège deixou uma marca especial no meu roteiro. Não esperava muito — e talvez por isso mesmo tenha me encantado tanto.
Encontrei uma cidade viva, cheia de contrastes, rica em história e com um charme que vem justamente do fato de não estar nas paradas obrigatórias dos turistas. Para mim, essa foi uma daquelas descobertas inesperadas que tornam as viagens ainda mais incríveis.
Se você estiver cruzando a Bélgica ou procurando algo fora do circuito tradicional, considere incluir Liège na sua jornada. Garanto que vale a pena sair um pouco do roteiro e se permitir ser surpreendido.