Visão da montanha Fitzroy da estrada de acesso a El Chaten
Nevado FitzRoy

Por que escolhi a Patagônia Argentina?

Depois de encarar trilhas pesadas em alta altitude, como a Cordilheira Blanca no Peru e o Aconcágua na Argentina, eu estava pronto para algo diferente. Queria um desafio sem precisar subir montanhas com ar rarefeito.

Foi aí que a ideia surgiu: fazer o circuito O de Torres del Paine, no Chile — uma das trilhas mais tradicionais da América do Sul, e sem altitude. Mas como eu nunca viajo só para ver um lugar, decidi expandir o roteiro. Me juntei com amigos e começamos a desenhar uma rota pela Patagônia.

A Patagônia Argentina, junto com a chilena, forma uma das regiões mais incríveis da América do Sul. Cortada pela Cordilheira dos Andes, ela oferece paisagens completamente diferentes em cada lado. Enquanto o lado chileno é famoso por seus fiordes, glaciares e florestas temperadas, o lado argentino é dominado por estepes áridas, desertos gelados e pastagens que parecem não ter fim.

Como cada amigo tinha sua própria agenda, combinamos de nos encontrar em certos pontos-chave. O único encontro fixo seria em Puerto Natales, ponto de partida para a famosa trilha de Torres del Paine. A partir disso, criei o meu próprio caminho: explorar a Patagônia Argentina, depois o circuito O no Chile e, por fim, seguir para Ushuaia.

El Calafate: o início da jornada pela Patagônia Argentina

Minha viagem começou com o Alessandro, saindo de São Paulo. Voamos para Buenos Aires, fizemos uma rápida escala em Bariloche e seguimos para El Calafate — o verdadeiro portal da Patagônia Argentina.

Apesar de El Calafate não ser uma cidade cheia de atrações, ela é o centro logístico ideal para explorar a região. Tem ótima infraestrutura, hotéis confortáveis, bons restaurantes e várias agências de turismo. Mas, curiosamente, quase ninguém tira fotos da cidade. Nem eu. Peguei algumas imagens da internet só para ilustrar.

A grande estrela ali é o Parque Nacional Los Glaciares, onde fica a imponente geleira Perito Moreno, uma das paisagens mais marcantes da Patagônia Argentina.

Glaciar Perito Moreno: a força da natureza de perto

A geleira Perito Moreno impressiona à primeira vista. Com cerca de 5 km de largura e 60 metros de altura, é considerada uma das maiores reservas de água doce do planeta. E o mais incrível? Ela está praticamente encostada na estrada.

A estrutura de passarelas facilita tudo. Você caminha com calma, tira fotos espetaculares e sente a imensidão do lugar, tudo sem esforço físico. Se quiser chegar mais perto, há passeios de barco e caminhadas sobre o gelo.

Eu optei pelo barco. A caminhada oferecida era curta, e preferi guardar energia para as trilhas seguintes. Mesmo assim, a experiência foi inesquecível. Ver aqueles blocos de gelo azul se desprendendo da geleira é algo difícil de esquecer.

Veja minha viagem a San José da Costa Rica.

El Chaltén: trilhas, montanhas e aventura

Seguimos para El Chaltén, a capital do trekking na Patagônia Argentina. A cidade é pequena, simples e charmosa, com um clima de aventura no ar. É ali que estão o Fitz Roy e o Cerro Torre, montanhas que atraem alpinistas do mundo inteiro. Mesmo sem grandes altitudes, essas montanhas são extremamente técnicas e perigosas. Para profissionais. Eu? Fiquei só na contemplação e que visual!

Ali também começa a famosa travessia do gelo continental, e parte do nosso grupo resolveu encarar esse desafio. Eu e Alessandro aproveitamos para explorar as trilhas mais curtas.

Trilha em El Chaltén: caminhadas de um dia para todos os níveis

El Chaltén é o paraíso das trilhas. Como não tínhamos muito tempo, escolhemos as de um dia. Fizemos a trilha da Laguna de Los Tres e da Laguna Torre. Ambas oferecem vistas impressionantes das montanhas, lagos glaciais e vales verdes. O clima muda o tempo todo, então é sempre bom estar preparado.

Depois de curtir a cidade, as trilhas e reencontrar o pessoal da travessia, voltamos para El Calafate. De lá, seguimos de ônibus para Puerto Natales, no Chile, onde fizemos o circuito O de Torres del Paine mas isso é história para outro post.

Rumo ao sul: de Puerto Natales até Ushuaia

Terminada a trilha em Torres del Paine, Alessandro precisou voltar ao Brasil. Eu planejava seguir sozinho para Ushuaia, mas Gabriel decidiu me acompanhar. Pegamos um ônibus para Punta Arenas e, depois, outro para Ushuaia.

Veja a Patagonia Chilena.

A viagem foi longa , cerca de 12 horas, mas tranquila. Passamos pelo Estreito de Magalhães, cruzamos a fronteira entre Chile e Argentina, e chegamos ao nosso destino ao anoitecer.

Ushuaia: a cidade do fim do mundo.

Ushuaia é a cidade mais austral do planeta. Fica entre as montanhas nevadas dos Andes e o Canal de Beagle, a apenas 1.000 km da Antártida. O clima é instável, mas a cidade é vibrante e cheia de vida. Além disso, é a base ideal para explorar o extremo sul da Patagônia Argentina.

Entre as atrações, você encontra museus, estações de esqui (no inverno) e, claro, muitas trilhas.

Trilha da Laguna Esmeralda: visual de tirar o fôlego

Pegamos uma van até o Valle de Lobos, um centro de esportes de inverno. De lá, começamos a trilha até a Laguna Esmeralda. O caminho é fácil, mas bastante enlameado (ou gelado, dependendo da estação). Uma bota impermeável faz toda a diferença.

A subida no final exige um pouco mais, mas nada impossível. O prêmio? Uma lagoa cercada por montanhas nevadas, com uma coloração esverdeada que parece de mentira. Foi um dos lugares mais bonitos que vi em toda a Patagônia Argentina.

Parque Nacional Tierra del Fuego e o trem do fim do mundo

A última aventura foi no Parque Nacional Tierra del Fuego, uma das joias de Ushuaia. Ele abrange mais de 63 mil hectares de natureza preservada, com trilhas de todos os níveis e paisagens que combinam montanhas, rios, florestas e mar.

A melhor forma de chegar é pelo Trem do Fim do Mundo. Construído originalmente para transportar prisioneiros, hoje ele leva turistas por 7 km de paisagens cinematográficas.

Dentro do parque está o final da Ruta 3, que começa em Buenos Aires e percorre toda a Patagônia Argentina até terminar ali, no fim do mundo. Nós pegamos um mapa no centro de visitantes e saímos para explorar. Caminhamos até a fronteira com o Chile, curtindo cada metro de trilha.

Mas informação sobre Tren del fin del mundo.

Hora de voltar pra casa

Depois de tantas trilhas, paisagens deslumbrantes e experiências únicas, chegou a hora de voltar. A Patagônia Argentina me surpreendeu em cada detalhe — das geleiras gigantes às trilhas silenciosas, dos ventos fortes às cidades pequenas cheias de personalidade.

Foi uma jornada intensa, mas leve. Selvagem, mas acolhedora. E com certeza, uma das viagens mais marcantes que já fiz.