Tromso - Noruega

Tromso, Noruega: uma aventura mágica no Ártico

Depois de realizar o sonho de ver a aurora boreal em Rovaniemi, decidimos seguir viagem para Tromso. Essa cidade estava nos meus planos há anos e, para ser sincero, só o nome já despertava um sentimento de encantamento. Tromso é considerada a capital mundial da aurora boreal. Além disso, ela une natureza selvagem, cultura vibrante e paisagens que parecem saídas de um conto de fadas.

Chegando em Tromso

Nosso objetivo era claro: continuar a caçada pela aurora boreal. No entanto, como estávamos em três pessoas, contratar passeios guiados sairia por quase 500 euros cada passeio. Por isso, começamos a repensar os planos. Apesar do medo de dirigir na neve, optamos por alugar um carro. E não foi qualquer um: escolhemos um Toyota Corolla Cross 4×4, completo com seguro e acessórios específicos para neve. Exatamente o que precisávamos para uma aventura no Ártico.

Assim que saímos do aeroporto, já tivemos nosso primeiro desafio: encontrar o carro no estacionamento aberto, em meio a uma nevasca com uma temperatura de -12°C. Ainda assim, nos surpreendemos positivamente com a qualidade das estradas e a estabilidade do carro. Foi um alívio imediato.

Em seguida, fomos direto para o centro da cidade em busca de algo para comer. Contudo, veio o segundo obstáculo: caminhar sobre as calçadas cobertas de gelo. Mesmo usando botas apropriadas, andar ali exigia atenção o tempo todo. Felizmente, Tromso é muito bem preparada para o inverno, e a limpeza das calçadas ajuda bastante.

Presos pela nevasca

Nosso primeiro dia acabou praticamente perdido. A temperatura despencou para -17°C e a previsão indicava 25 cm de neve. Diante desse cenário, resolvemos descansar e nos preparar melhor para os próximos dias.

Já no segundo dia, o céu continuava encoberto, mas a intensidade da neve diminuiu um pouco. Aproveitamos essa pequena trégua para explorar os arredores da cidade. Mesmo que a previsão para auroras fosse quase nula, estávamos atentos aos aplicativos. Foi assim que descobrimos uma chance mínima de visibilidade a apenas 30 minutos de carro. Diante disso, decidimos tentar.

Primeira aurora em Tromso

Seguimos viagem em direção às montanhas. Depois de cerca de meia hora dirigindo, chegamos ao ponto de observação. Era uma área aberta, com vento forte e temperatura em torno de -15°C. Estávamos preparados para voltar de mãos vazias. No entanto, entre as nuvens, apareceu uma pequena aurora. Foi impossível conter a emoção! Mesmo discreta, era linda.

Contagiados por essa primeira aparição, resolvemos seguir em frente. Decidimos atravessar a ilha até um ponto além de Hansnes, a aproximadamente uma hora e meia de distância. A estrada estava coberta de neve, o vento era constante e a visibilidade, quase nula. Apesar disso, a adrenalina nos mantinha firmes. Em vários momentos pensamos em voltar, mas sempre acabávamos indo “só mais um pouco”.

Quando finalmente chegamos ao lado norte da ilha, estacionamos o carro e ficamos observando o céu, enfrentando o vento cortante. Estava tão frio que preferimos comer dentro do carro. Contudo, ao sairmos novamente, ela apareceu: nossa terceira aurora! Dessa vez, mais intensa e ainda mais emocionante. Passamos cerca de 15 minutos entrando e saindo do carro. O frio era brutal, mas cada segundo ali foi inesquecível. A sensação era de conquista total, de estarmos no lugar certo, na hora certa.

Um retorno desafiador

Assim que o céu fechou completamente e o vento aumentou, decidimos voltar. No entanto, a estrada se transformou em um verdadeiro campo de batalha. O vento atingia mais de 80 km/h, a neve não dava trégua, e em vários trechos foi preciso parar o carro por total falta de visibilidade. Levamos quase três horas para retornar a Tromso. Foi um dos trajetos mais tensos da minha vida. Ainda assim, chegamos bem,exaustos, mas aliviados.

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Quando o tempo não colabora

Quando o tempo não colabora.

Infelizmente, nos dias seguintes o tempo não ajudou em nada. A previsão continuava ruim e, segundo nosso anfitrião, fazia anos que Tromso não enfrentava uma sequência tão longa de mau tempo. Ainda assim, aproveitamos as poucas janelas de céu mais limpo para explorar a cidade.

Queríamos muito subir o teleférico Fjellheisen, famoso por oferecer uma vista espetacular da cidade, mas ele estava fechado e sem previsão de reabertura. Foi uma pena, claro, mas isso também faz parte da experiência de viajar no Ártico durante o inverno.

Tromso: um mundo à parte.

Apesar de todos os desafios, Tromso é um lugar especial. Entre fiordes imponentes, montanhas cobertas de neve e aquela luz azulada típica do inverno polar, a cidade tem uma energia única. Ver a aurora boreal, sem dúvida, é o ponto alto. No entanto, a própria atmosfera da cidade já faz a viagem valer a pena.

Claro que os preços são altos, muito altos, aliás. E por isso não recomendo fazer compras por lá. Em vez disso, é melhor deixar esse tipo de gasto para países mais ao sul. Por outro lado, Tromso oferece uma excelente infraestrutura turística. Há bons restaurantes, cafés acolhedores e várias opções de passeios incríveis, como:

  • Safari com huskies

     

  • Trilhas com raquetes de neve

     

  • Experiências com renas

     

  • Cruzeiros pelos fiordes noruegueses

     

E mesmo com o frio, o vento, a neve e o céu fechado, conseguir ver a aurora boreal novamente foi uma das experiências mais emocionantes da minha vida.

A jornada continua

Agora é hora de seguir viagem. Nosso próximo destino? Kirkenes, quase na fronteira com a Rússia. Lá, a caçada à aurora boreal continua. Afinal, viajar é exatamente isso: insistir, adaptar-se e seguir em frente — sempre em busca daqueles momentos que tiram o fôlego e ficam para sempre na memória.